sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Frio na barriga

SÃO PAULO - Ano passado, depois de perder um voo por questão de minutos, eu tratava lá em Cascavel de chegar a Curitiba para minhas atribuições no Brasileiro de GT, então Itaipava GT Brasil, quando o telefone tocou. Era alguém da chefia. “Você narra a corrida de domingo pela Band, ok?”. Ok, ué. “Sem problemas? Encara numa boa?”. Ora, claro que sim. Qual seria o problema?

É compreensível que a figura dócil que me disparou um telefonema de dentro do autódromo sem nem ter notado que eu não estava lá (vê-se que não faço muita falta...) esperasse um frio na minha barriga. Narrar corridas na televisão não me era exatamente uma novidade, em que pese meu ainda curto tempo no ramo. Já tinha feito algumas vezes, a primeira delas em 2006, uma etapa do Regional de Marcas ao vivo pela CATVE. Mas era, no caso dessa do ano passado, uma experiência inédita, numa tevê aberta de alcance nacional, por cujos microfones desfilam vários dos papas do assunto, Luciano, Téo, Nivaldo, muitos craques. Mas foi natural.

Não teve frio nem calafrio. Rolou natural, a transmissão, como rolariam outras tantas até o fim da temporada, sempre pela Band, na dobradinha com o despachado Tiago Mendonça (que, já disse isso a ele, tem tudo pra ser o próximo Reginaldo Leme nas transmissões de corridas). Teve uma corrida, não lembro qual, em que nós dois nos esbaldamos comendo pão-de-queijo em plena transmissão, não tinha muita crise, não. E houve também as transmissões ao vivo lá de Portugal, pelo finado Speed, e as deste ano pela Rede TV!, sem maiores pré-chiliques. Até a semana passada, quando recebi o briefing da transmissão do Brasileiro de GT em Campo Grande. O convidado especial para o comentário seria, foi, o Wilson Fittipaldi Júnior.

Nada contra o Wilsinho, claro, bem pelo contrário. É que trabalhar ao lado de um cara que representa um rótulo tão dourado quanto ele trouxe o frio na barriga que esperavam de mim um ano e meio atrás. Basta dizer que esse foi o sujeito que inspirou o irmão mais novo a arriscar umas primeiras aceleradas, lá nos idos. E o caçula, Emerson, ganhou o mundo, e a ele atribuem tudo que o automobilismo do Brasil ganhou de bom, e foi bastante coisa. Credite-se tudo isso ao Wilson, já ouvi o Emerson dizer, aqui mesmo em Interlagos, que sua motivação para o automobilismo foi o Wilson, a quem define seu ídolo. São 54 anos de mão na graxa, de dedicação ao automobilismo. Eu talvez não viva tudo isso, e o Wilson tem esse tempo todo pulando de pista em pista pelo mundo, sempre com histórias cativantes a contar. Junte-se tudo isso, tempere-se a gosto e ter-se-á o tamanho da minha responsabilidade para tocar uma transmissão ao lado do cara. Foi um bom batismo.

Num rápido exercício de memória, já narrei corridas tendo como comentaristas André Duek, Andrei Spinassé, Ângelo Giombelli, Cadu Tupy, César Barros, Diogo Pachenki, Eduardo Homem de Mello, Flávio Poersch, Ingmar Biberg, Lico Kaesemodel, Luiz Alberto Pandini, Max Wilson, Nonô Figueiredo, Raul Boesel, Rodrigo Hanashiro, Rodrigo Mattar (esse apareceu do nada, foi colocado no meu bate-papo com o Duek e a transmissão pela internet rolou num clima bem legal) e Tiago Mendonça. E, agora, Wilson Fittipaldi Júnior, com quem devo dobrar as corridas da próxima semana em Cascavel, também. Deve ter faltado alguém na lista, sempre falta.

Tenho estado bem acompanhado nas corridas, vê-se.

1 comentários:

Danilo disse...

Numa próxima oportunidade, me chame !
Não será tão ilustre e mitológico quanto Wilson Fittipaldi Jr., mas será à lá Danilo.

Abração e parabéns pelo trabalho.